segunda-feira, 4 de maio de 2009

Você tem fome de quê?

De amor? O que é amor? Estamos com fome de amor? Sim, mas não necessariamente que seja um amor! Estamos com fome de sentir? Não, muito pelo contrario. Sentimos tanto que não discernimos ao certo o que são ou representam. O que muda é a velocidade da informação, do diálogo, da curiosidade que nos faz conhecer.
Os sinais batem à nossa cara toda hora, mas qual será a questão? Procuramos um amor pra vida toda? Será que é necessário ter um amor pra vida toda? Ou podemos amar livres de casamento? Não como é, mas como funciona.
Talvez essas pessoas que "querem chamar atenção" com suas micro roupas, ou que se realizaram profissionalmente e estão sozinhas só precisem de atenção e companheirismo, o que não significa entrar no ciclo do relacionamento, ou que estejam procurando alguém pra amar o resto da vida.
Mulheres contratando homens pra dançar em baile...incrível? Não, apenas querem sentir-se realizadas por determinado(s) momento(s) e não encontram nos homens que comparecem aos bailes o "par ideal", pois os jovens normalmente não vão a esse tipo de festa e os que vão, em maioria, são quarentões ou mais e não tem vigor físico pra aguentar uma noitada de dança, ainda mais se a noite acabar em samba...o que fazer? Ignorar o sentimento? É muito bom ter alguém que satisfaça nossos prazeres, independente do que sejam.
Não estamos com carência de andar de mãos dadas, mas da companhia de pessoas verdadeiras, com as quais possamos partilhar de momentos bons e ruins, mas que não necessariamente nos venha a ser "o par". Podemos ser vários pares, até ímpares, infinitos. Por isso sentimos, e sentimos até demais. Tanto que somos capazes de nos apaixonar a cada olhar, a cada movimento que nos prenda a atenção. Estamos mais afoitos e nos desprendendo de paradigmas como união a dois e felizes para sempre. Sinceramente esses conceitos envolvem mais crenças, religião, do que sentimento!
É verdade que o tempo está mais curto e competitivo, como disse fulano: "Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas..." agora o que você está sentindo ao ler esse texto? Temos menos tempo pra pensar em "sentir". Gastamos muita energia com stress, com política (é necessário), ecologia, economia, bem-estar físico e esquecemos não quem ou o que queremos, mas quem somos nós! Não sei se queremos mais alguém ao nosso lado, da forma como foi dita por fulano. Não que busquemos ficar sozinhos, mas acho que os anseios são outros. Por exemplo: o que impede uma pessoa casada de se apaixonar e viver essa paixão por outra ou outras? o amor, o sentimento? Não, o compromisso assumido! Pense em todas as burocracias e chateações necessárias por causa de um envolvimento que, assim como a paixão, pode ser momentâneo. Pense também no fato de dizer que sente algo por uma pessoa e depois de alguns ou muitos anos juntos simplesmente deixar de lado por qualquer motivo que seja!? É uma chateação e nem todos estão dispostos a passar por ela. É mais fácil engolir seco, apostar no que já "é seu" do que dar o braço a torcer e ir atrás do novo, ou não? Vai dizer que nunca passou por isso? E também nunca se perguntou: será que eu devo fazer isso? Será que por causa disso que vou ficar sozinho (a)? Mas também, será que essas são as perguntas certas?
Quantas pessoas interessantes existem por aí só no Brasil?! Acho que não estamos procurando direito, se é isso que queremos. Frequentamos os mesmos lugares, conversamos com as mesmas pessoas sobre as mesmas coisas, repetimos relacionamentos, ou seja, sentimentos. Só que andamos em círculo no mundo que dá voltas. Fazemos escolhas e mostramos para todos verem em sites de relacionamentos, mas qual o real sentido disso? Dizer que queremos um amor pra vida toda ou ficar sozinhos? Sinceramente, para mim, é alimentar o ego! Como disse fulano: "Seja ridículo, não seja frustrado, pague mico, saia gritando e falando bobagens" ou seja, sinta! Mas acho que o tempo não é curto para sentir. Felicidades e tristezas são momentos, pois voltam. O interessante é fazer com que os de felicidade sejam mais constantes que os de tristeza.
Como já disse Vinícius:
"De tudo ao meu amor serei atento. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto, ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure quem sabe a morte, angústia de quem vive. Quem sabe a solidão, fim de quem ama eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure."